[ 28.02.06 ]
Distância focal

Eu acho estranho decidir um voto com meses de antecedência.

# | (1)

Cuti-cuti

Eu tenho uma certa implicância quanto à excessiva atenção dada ao Jamelão durante o carnaval. Não desconfio de seu histórico, mas temo que a providência do pedestal esconda um componente traiçoeiro, tantas vezes imputado à terceira idade. Decompõe-se o elemento humano, racional, em troca de um bibelô, um grande bebê a quem tudo é perdoado e relevado em qualquer aspecto. O adulto se perde, e perdemos todos. Não quero me apressar e ser irresponsável em rotular o José Bispo Clementino dos Santos, mas aproveito o gancho para um aspecto nocivo na já frágil identidade social do idoso.

# | (0)

[ 27.02.06 ]
Dom

New York Times, 27 de fevereiro:

Atriz pornô muda de ramo e vira produtora de vinho -- e de boa qualidade, segundo críticos

Deve ser espumante.

# | (0)

Depois reclama

Aí você retoma o contato com aquele colega "das antigas", desde sempre um talento para o acúmulo de tralha, principalmente em vídeo, que deixa à sua disposição um acervo considerável, desde clássicos do cinema turco até o fino da Boca do Lixo. É material para fritar os olhos.

# | (2)

[ 26.02.06 ]
Olhe onde pisa

Alô prefeitura, calçada é fundamental. E não apenas pelos turistas pulando obstáculos no Cosme Velho, por exemplo, mas por uma adequação às necessidades especiais do usuário, e naturalmente a uma política de conservação e sintonia entre as concessionárias que dela se utilizam.

Se fossem listar três dos mais graves e crônicos problemas nacionais, aliás, certamente um seria a noção do conservar; a União, os estados e municípios e mesmo o cidadão, todos cúmplices de um vergonhoso e cíclico processo de depredação e reconstrução do ambiente público. É uma cátedra nacional da ignorância.

# | (1)

Tudo por um trocadilho IX

A compra da Pixar – e a consequente inserção do Steve Jobs na Disney –, pode provocar muitas coisas, entre elas o Mac Minnie.

Rá!

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[ 25.02.06 ]
Geração espontânea

Quase cinco mil e quinhentos posts no Blog, e uma primeira neurose sobre a presença de assuntos inadvertidamente cíclicos, redundando numa segunda acerca das repetitivas constatações, culminando numa terceira por essas cumulativas anotações. É digno de pena, o processo através do qual estabeleço alguma preocupação absolutamente desnecessária e complexa. Ê lerê.

Isso aqui anda pior que redação "Minhas Férias".

# | (1)

Manual do vampirismo

O que lhe dizem imposto, para o governo é encosto.

# | (4)

[ 24.02.06 ]
Zééé!!!

Desde o cartório, ser José é repartir um pouco do nome e da identidade. O egoísmo é impossível.

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Isso por isso

Eu escreveria sobre como fui incapaz de gerenciar o meu acesso à Internet desde sempre, comprometendo muito do tempo e da produção. Eu faria isso, quando desconectar.

# | (0)

[ 23.02.06 ]
Humor carioca

No meio da multidão, a mais incisiva ironia local:

"Aí, tu veio pra ver o show daquela banda KY, né?"

É como acupuntura com agulha de tricô.

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Cocôbrás

Das frases mais estranhas que eu já vi num banheiro.

# | (6)

[ 22.02.06 ]
Sobre o roubo e a fama

"Por isso que eu te liguei no domingo feito doida, e só dizia 'Este telefone está programado para não receber chamadas.'. Pensei comigo: 'Caralho, ele anda levando bem a sério esse negócio de Elesbão...'."
PIV.

# | (2)

Moral musical

Agora revelam o Quincy Jones dentre as platéias musicais da semana, e a sensação é a de um jantar onde o prato principal chega fotografado. Dizem que veio para desfilar pela Portela, a "minha" escola. Menos mal.

Uma apresentação seria providencial, mas não vou reclamar. Pelo menos o Jô Soares está em recesso.

# | (0)

[ 21.02.06 ]
Curiosidade real

Em um grupo de surdos, como é que alguém conta um segredo?

# | (2)

Roscas grátis

Já assisti a um show do Elton John. Diz um colega, inclusive, que eu apareci algumas vezes durante a transmissão pela tevê. É a vida. Agora, o César Maia propõe o retorno, dessa vez para o mais novo evento praiano. Copacabana iria ferver – se é que estou sendo claro, e o Dunkin' Donuts poderia bancar.

Hoho, que maldade.

# | (3)

[ 20.02.06 ]
Entre quatro paredes

Volta e meia me pego avaliando a situação corrente a partir de um ponto de vista externo, como quando um japonês está pisando em minhas costas, por exemplo. Eu reflito sobre o ridículo e o medo, já que naturalmente desconfio da sustentação da maca. Se formos ao chão, o constrangimento certamente superará qualquer osso arrebentado.

Isso ainda rende um documentário.

# | (0)

Não perguntar, ofende

Ao entrar no restaurante, o segundo dirige-se naturalmente à seção fumante, sem consultar.

É torcer pelo enfisema, ou pelo simancol.

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[ 19.02.06 ]
Fotos e Fatos






# | (2)

Show do Milhão

Eram novos os sotaques subindo a vizinhança, e esse indício off-broadway já sugeria a ocupação dos mais diferentes cantos, há poucas horas do show. O convite para um apartamento próximo ao palco poderia compensar o meu pequeno interesse pela banda, mas ainda restava chegar, encarar a concentração inédita e aflitiva nos últimos quarteirões, gerando aí um primeiro dos vários recordes mundiais daquela noite: o bolinar coletivo. Foi quando o meu celular, tadinho, tão novinho, se foi por alguma daquelas mãos não tão bobas.

Uma vez protegido pelo quarto andar, e sem maior interesse pelo palco, acabei fascinado pelo rock'n roll paisagístico: barcos engarrafados, dezenas de Towners-lanchonetes, isopores de cerveja em fila dupla e, naturalmente, as churrasqueiras, a essência nacional. Gente por sobre os banheiros químicos – ao final, dormindo! – e pulando em cima de veículos, como a Kombi que teve o teto afundado. Vá explicar ao seguro...

Muito se especula sobre a energia da banda, principalmente o Mick. Se há um coquetel de raízes e químicas, também acredito no sedenho, a existência de algum mecanismo para esfolar a genitália, como nos touros de rodeio. Quem não pularia por três horas?

Na saída, ainda de madrugada, os escombros materiais e humanos pelas ruas, todos juntos. E saindo de Copacabana, pelo canteiro central após o túnel, uma freiada imensa que nos fez virar e acompanhar um corpo ainda no ar, voando até cair inerte. O táxi, que vinha cheio e gananciosamente acelerado, destruiu a si mesmo e ao pobre folião. Deprimente.

Anyway, o saldo parece promissor. De um público dessa magnitude não se esperam menos problemas, pelo contrário. Um milhão de monges não fariam diferente. Seriam bem chatos, aliás.

# | (0)

[ 18.02.06 ]
Pedras pra que te quero!

Já não há uma garantia local de grandes eventos privados, como o Rock in Rio, ao passo que outras regiões do país firmam temporadas musicais no alto verão. A prefeitura, escaldada pelas polêmicas do réveillon, chuta com Lenny Kravitz "fora de época" e, de mal a mal, descobre aí uma possibilidade para reforçar o pré-carnaval nos cofres cariocas. Agora resolve apostar alto, aumentar os riscos e os possíveis ganhos: passando por hoje, oficializaremos a data, um possível nome e todo o marketing congênere. Quem sobreviver, verá.

E para o ano que vem eu aposto fichas em Paul McCartney.

# | (3)

Pão pão, queijo queijo

É frustrante aquele momento da vida em que percebemos que nem tudo decorre da Globo, da Microsoft, Exxon, Citibank ou CIA. Muitos dos reveses, inclusive, partem de nossas próprias decisões, enganadas e desvirtuadas pelo imediatismo. Em verdade não devem chegar a vinte porcento os eventos interferidos, e por mais que se negue, no fundo queremos sim eleger um inimigo comum, exclusivo, facilitando o discurso pelo palavreado-chave para preencher o panfleto ou a discussão na mesa do bar. E tudo isso para conquistar alguém, "fazer um bonito", geralmente.

É válido.

# | (2)

[ 17.02.06 ]
But

Baby, it's hot outside.

# | (0)

Cercadinho

A pessoa de alguma convivência acaba avaliando e registrando o gosto alheio em um resumo definitivo, confinando a uma definição que não se permita relaxar. É o "refinado" que não pode querer ouvir Roupa Nova, por exemplo.

Dá um tempo, pipou.

# | (2)

[ 16.02.06 ]
Sashimi

A Zhang Ziyi até revigora aquela fantasia tão comum com as orientais. Porcelana total.

# | (0)

Reformas

Renovação dos elevadores do Worst Trade Center, finalmente.

Movable Type?

# | (1)

Sterilair

Você chega para visitar o apartamento, e abre a porta o sujeito sem camisa, em meio à bagunça profissional:

– "A empregada não chegou."
– "Nem a Fundação Leão XIII."

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[ 15.02.06 ]
Impalador

Uma vez falido, o sistema carcerário requer procedimentos direcionados ao modelo infrator específico – o descaminho, por exemplo: e se o objeto da apreensão for, por lei, obrigado a ser "ingerido"?

– "E se foram 13 quilos de cocaína?"

Azar o dele.

– "E se forem toneladas de cigarros?"

Azar.

– "E se forem vídeo-cassetes?"

Quatro cabeças.

# | (0)

Só, somente só

Ô chatice, quem só consegue elogiar. Dá no saco.

# | (0)

[ 14.02.06 ]
Ela dita a moda

– "Você duvida tão errado..."
– "Isso dá uma camisa: 'Eu duvido errado'."

# | (1)

É nóis

Existia pelo menos um brasileiro dentro do World Trade Center, e também na Guerra do Iraque, como de fato na Segunda Guerra. Provavelmente no Vietnã, também, e durante o Tsunami recente, e mesmo no grande terremoto na Cidade do México; na Revolução Francesa e na Guerra da Secessão, durante os furacões de Nova Orleans, em Chernobyl ou Hiroshima. Há sempre um, não importa o momento. É fato, é uma lei da natureza.

E agora a imprensa vem sugerir a subida do primeiro patrício ao espaço. Por favor. Eu ainda vou apostar que naquele julho de 1969, no dia 20, havia sim um brasileiro já estabelecido no satélite natural, providenciando o churrasquinho da rapaziada, e grudando um adesivo "Eu amo a minha esposa" no Módulo.

"That's one small step for a man; one giant leap for mulambada."

# | (1)

[ 13.02.06 ]
Deus atrapalha, quem sábado trabalha

Um show evangélico em frente ao escritório, para eu aprender a não mais trabalhar em fim de semana.

# | (5)

Redefinindo

Acima dos 40, não é mais temperatura: é assunto.

# | (1)

[ 12.02.06 ]
Mais do mesmo

É um processo lento, o da real consciência em muitos daqueles discursos-designers, ainda inseguros, excessivamente agressivos e fora de foco. Defenestram-se ainda os não-diplomados, relevam-se programas e um discurso corporativista – como se não bastasse o portfolio de alguns dos autores, naturalmente.

Já não são poucas as vezes em que volto ao assunto por aqui. Prometo parar, um dia, se eles também. E já não é a primeira oportunidade em que me vejo assumindo a repetição. A interdição é um caminho sem volta.

# | (0)

Da avaliação física

– "Isso aí não é tudo gordura, não."
– "É, tenho alguns ossos."

# | (1)

[ 11.02.06 ]
Trash

Giselle Itié, Debora Lamm, Vanessa Lóes e Virginia Cavendish: não fossem vocês e os meus hormônios, seria impossível assistir Avassaladoras até o fim do episódio. Se alguém disser que é mal produzido de propósito, eu acredito. E parabenizo.

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Sobrepeso, "Amizade Mórbida"

Ainda não descobri como lidar com alguém que me imputa uma amizade maior, pesada, a qual não posso corresponder. Restam o tempo e a distância para contornar esse complicador traiçoeiro.

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[ 10.02.06 ]
Problemas que não terei

"Meus impostos, nos Estados Unidos, precisam ser colocados em um computador especial porque uma máquina comum não consegue lidar com os números."
Bill Gates, em uma conferência da Microsoft, para a IDG Now!

E se remover o Windows?

Ps.: Quando a Receita Federal vier, eu forneço o Pense Bem.

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The Voice

Dublagem à moda.

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[ 09.02.06 ]
Sujeito traumatizado

– "A gente vê homens falando de blush..."
– "Blush?"
– "É, ensinando como passar blush para ficar com a aparência de que tomou sol."
– "Medo."
– "Pra você ver o que a gente passa. Por isso que, quando eu falo que não tem pra quem quer, você tem que acreditar! E pode ficar se achando, porque o mercado tá fraaaaco."
– "Qual nada... cheio de homem por aí."
– "Cheio nada! Cheio de pseudo-homens. Tudo florzinha, e se tem uma coisa que eu não suporto é homem-florzinha. Credo."
– "Suas amigas reclamam?"
– "Reclamam. A gente comenta sobre isso, ou dos muitos gays ou dos broncos. Impressionante."
– "E eu sou o quê?"
– "Você é um espécime em extinção."
– "Olha, Panda é a mãe."

# | (1)

Não diga

"Se tudo der certo" é senha de cagada.

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[ 08.02.06 ]
Gaviões da Duloren

Aconteceu a terceira edição do Lingerie Bowl, promovido pela Lingerie Football League (LFL). Imagine uma seleção brasileira.

Finalmente, um esporte que se possa acompanhar.

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Santo remédio

(...) Agregar valor ao negócio do cliente (...)

Infalível contra a insônia.

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[ 07.02.06 ]
Reclame com o Bispo

É impressionante como a gente acaba conivente com o teatro da corrupção nacional. Há gente com especial talento para a coisa – incluindo aí as justificativas, e que nos faz pensar, mesmo em caso de amizade, o porquê de não agirmos. Viramos cúmplices, calados. Óbvio, não?

E é assim. Todo mundo tem um amigo ou conhecido que fez ou pratica algo ilícito. A gente tolera, e depois joga a culpa no governo. É mais fácil.

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Ele não sabe legendar, ele é Joselito

UOL, 23 de janeiro:

Sacanagem com o irmão do Lars.

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[ 06.02.06 ]
Bomba caseira

Terceirizar costuma ser um fascinante passeio no mundo da incompetência humana. A gente sempre espera que a empresa aprenda.

# | (1)

Intelectualóides

Existe um discurso velado, uma postura intelectual onde prevalece o tom blasé com relação à mídia de massa. O fulano faz de ombros, sublinha o desconhecimento como quem não dá importância, com especial intenção quando do relato de convivência em algum ambiente profícuo. Trabalhar com famosos, lembrar, comentar, e dizer que não se importa. 'tá bom.

Bem típico.

# | (0)

[ 05.02.06 ]
Acupuntura de alto impacto

Nas duas primeiras sessões, a mesma observação entre risos:

– "Muito hormônio masculino... cuidado com a próstata..."

E na última sexta-feira, novamente sorrindo:

– "Pouco cabelo, né?"

– "Qual é o seu carro? Em carro pequeno você não dá!"

– "Para viajar, você não pode ir de classe econômica."

Eu pago pra ser sacaneado pelo pequeno japonês.

# | (3)

HAJA

Outra coisa chatíssima: reclamar e ser taxado "magoado".

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[ 04.02.06 ]
Todos juntos somos fortes

Deu no Ancelmo Gois:

Confira só. O Brasil tem 123.247.070 eleitores. Deles, 5.497.150 são Josés — ou 4,46% do total (sem contar nomes compostos, como Antônio José, Paulo José etc.).

Na Paraíba, o número de Zés excede. São 7,5% do total, o que faz lembrar aquela música “Como tem Zé na Paraíba”, de Catulo de Paula e Manezinho Araújo. Um versinho: “Vixe, como tem Zé/Zé de baixo, Zé de Riba/Me desconjuro com tanto Zé/Como tem Zé lá na Paraíba...”.

# | (0)

Ulha!

Folha de S. Paulo, 28 de Janeiro:

# | (3)

[ 03.02.06 ]
Naquilo

– "Quer bater perna comigo?"
– "Olha a margem."

# | (1)

Século XXI

E finalmente a TIM honra o plano da Visorama, substituindo nossos flintsfones por algo, digamos, contemporâneo.

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[ 02.02.06 ]
Barbudão

E novamente a barba entra no estágio em que se permite pentear.

É melhor pensar em removê-la.

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Para não dizer que não falei...

O cotidiano cega, mas por vezes uma bela tarde ensolarada explode com as belezas naturais da cidade em nossa vista. É de arrepiar.

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[ 01.02.06 ]
Audiência qualificada

– "No meu sonho, você estava dirigindo um Opala preto e cantando uma música do Fábio Júnior."
– "Não tinha o selo do Canal Brasil no canto, não?"

# | (2)

Vida burocrática

Imagine se os impedimentos à adoção fossem estendidos para a gravidez. Ia ter parteira virando taxista.

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