Eu tenho uma certa implicância quanto à excessiva atenção dada ao Jamelão durante o carnaval. Não desconfio de seu histórico, mas temo que a providência do pedestal esconda um componente traiçoeiro, tantas vezes imputado à terceira idade. Decompõe-se o elemento humano, racional, em troca de um bibelô, um grande bebê a quem tudo é perdoado e relevado em qualquer aspecto. O adulto se perde, e perdemos todos. Não quero me apressar e ser irresponsável em rotular o José Bispo Clementino dos Santos, mas aproveito o gancho para um aspecto nocivo na já frágil identidade social do idoso.
# | (0)New York Times, 27 de fevereiro:
Atriz pornô muda de ramo e vira produtora de vinho -- e de boa qualidade, segundo críticos
Deve ser espumante.
# | (0)Aí você retoma o contato com aquele colega "das antigas", desde sempre um talento para o acúmulo de tralha, principalmente em vídeo, que deixa à sua disposição um acervo considerável, desde clássicos do cinema turco até o fino da Boca do Lixo. É material para fritar os olhos.
# | (2)Alô prefeitura, calçada é fundamental. E não apenas pelos turistas pulando obstáculos no Cosme Velho, por exemplo, mas por uma adequação às necessidades especiais do usuário, e naturalmente a uma política de conservação e sintonia entre as concessionárias que dela se utilizam.
Se fossem listar três dos mais graves e crônicos problemas nacionais, aliás, certamente um seria a noção do conservar; a União, os estados e municípios e mesmo o cidadão, todos cúmplices de um vergonhoso e cíclico processo de depredação e reconstrução do ambiente público. É uma cátedra nacional da ignorância.
# | (1)A compra da Pixar – e a consequente inserção do Steve Jobs na Disney –, pode provocar muitas coisas, entre elas o Mac Minnie.
Rá!
# | (0)Quase cinco mil e quinhentos posts no Blog, e uma primeira neurose sobre a presença de assuntos inadvertidamente cíclicos, redundando numa segunda acerca das repetitivas constatações, culminando numa terceira por essas cumulativas anotações. É digno de pena, o processo através do qual estabeleço alguma preocupação absolutamente desnecessária e complexa. Ê lerê.
Isso aqui anda pior que redação "Minhas Férias".
# | (1)Desde o cartório, ser José é repartir um pouco do nome e da identidade. O egoísmo é impossível.
# | (0)Eu escreveria sobre como fui incapaz de gerenciar o meu acesso à Internet desde sempre, comprometendo muito do tempo e da produção. Eu faria isso, quando desconectar.
# | (0)No meio da multidão, a mais incisiva ironia local:
"Aí, tu veio pra ver o show daquela banda KY, né?"
É como acupuntura com agulha de tricô.
# | (0)"Por isso que eu te liguei no domingo feito doida, e só dizia 'Este telefone está programado para não receber chamadas.'. Pensei comigo: 'Caralho, ele anda levando bem a sério esse negócio de Elesbão...'."
PIV.
Agora revelam o Quincy Jones dentre as platéias musicais da semana, e a sensação é a de um jantar onde o prato principal chega fotografado. Dizem que veio para desfilar pela Portela, a "minha" escola. Menos mal.
Uma apresentação seria providencial, mas não vou reclamar. Pelo menos o Jô Soares está em recesso.
# | (0)Já assisti a um show do Elton John. Diz um colega, inclusive, que eu apareci algumas vezes durante a transmissão pela tevê. É a vida. Agora, o César Maia propõe o retorno, dessa vez para o mais novo evento praiano. Copacabana iria ferver – se é que estou sendo claro, e o Dunkin' Donuts poderia bancar.
Hoho, que maldade.
# | (3)Volta e meia me pego avaliando a situação corrente a partir de um ponto de vista externo, como quando um japonês está pisando em minhas costas, por exemplo. Eu reflito sobre o ridículo e o medo, já que naturalmente desconfio da sustentação da maca. Se formos ao chão, o constrangimento certamente superará qualquer osso arrebentado.
Isso ainda rende um documentário.
# | (0)Ao entrar no restaurante, o segundo dirige-se naturalmente à seção fumante, sem consultar.
É torcer pelo enfisema, ou pelo simancol.
# | (0)Eram novos os sotaques subindo a vizinhança, e esse indício off-broadway já sugeria a ocupação dos mais diferentes cantos, há poucas horas do show. O convite para um apartamento próximo ao palco poderia compensar o meu pequeno interesse pela banda, mas ainda restava chegar, encarar a concentração inédita e aflitiva nos últimos quarteirões, gerando aí um primeiro dos vários recordes mundiais daquela noite: o bolinar coletivo. Foi quando o meu celular, tadinho, tão novinho, se foi por alguma daquelas mãos não tão bobas.
Uma vez protegido pelo quarto andar, e sem maior interesse pelo palco, acabei fascinado pelo rock'n roll paisagístico: barcos engarrafados, dezenas de Towners-lanchonetes, isopores de cerveja em fila dupla e, naturalmente, as churrasqueiras, a essência nacional. Gente por sobre os banheiros químicos – ao final, dormindo! – e pulando em cima de veículos, como a Kombi que teve o teto afundado. Vá explicar ao seguro...
Muito se especula sobre a energia da banda, principalmente o Mick. Se há um coquetel de raízes e químicas, também acredito no sedenho, a existência de algum mecanismo para esfolar a genitália, como nos touros de rodeio. Quem não pularia por três horas?
Na saída, ainda de madrugada, os escombros materiais e humanos pelas ruas, todos juntos. E saindo de Copacabana, pelo canteiro central após o túnel, uma freiada imensa que nos fez virar e acompanhar um corpo ainda no ar, voando até cair inerte. O táxi, que vinha cheio e gananciosamente acelerado, destruiu a si mesmo e ao pobre folião. Deprimente.
Anyway, o saldo parece promissor. De um público dessa magnitude não se esperam menos problemas, pelo contrário. Um milhão de monges não fariam diferente. Seriam bem chatos, aliás.
# | (0)Já não há uma garantia local de grandes eventos privados, como o Rock in Rio, ao passo que outras regiões do país firmam temporadas musicais no alto verão. A prefeitura, escaldada pelas polêmicas do réveillon, chuta com Lenny Kravitz "fora de época" e, de mal a mal, descobre aí uma possibilidade para reforçar o pré-carnaval nos cofres cariocas. Agora resolve apostar alto, aumentar os riscos e os possíveis ganhos: passando por hoje, oficializaremos a data, um possível nome e todo o marketing congênere. Quem sobreviver, verá.
E para o ano que vem eu aposto fichas em Paul McCartney.
# | (3)É frustrante aquele momento da vida em que percebemos que nem tudo decorre da Globo, da Microsoft, Exxon, Citibank ou CIA. Muitos dos reveses, inclusive, partem de nossas próprias decisões, enganadas e desvirtuadas pelo imediatismo. Em verdade não devem chegar a vinte porcento os eventos interferidos, e por mais que se negue, no fundo queremos sim eleger um inimigo comum, exclusivo, facilitando o discurso pelo palavreado-chave para preencher o panfleto ou a discussão na mesa do bar. E tudo isso para conquistar alguém, "fazer um bonito", geralmente.
É válido.
# | (2)A pessoa de alguma convivência acaba avaliando e registrando o gosto alheio em um resumo definitivo, confinando a uma definição que não se permita relaxar. É o "refinado" que não pode querer ouvir Roupa Nova, por exemplo.
Dá um tempo, pipou.
# | (2)A Zhang Ziyi até revigora aquela fantasia tão comum com as orientais. Porcelana total.
# | (0)Você chega para visitar o apartamento, e abre a porta o sujeito sem camisa, em meio à bagunça profissional:
– "A empregada não chegou."
– "Nem a Fundação Leão XIII."
Uma vez falido, o sistema carcerário requer procedimentos direcionados ao modelo infrator específico – o descaminho, por exemplo: e se o objeto da apreensão for, por lei, obrigado a ser "ingerido"?
– "E se foram 13 quilos de cocaína?"
Azar o dele.
– "E se forem toneladas de cigarros?"
Azar.
– "E se forem vídeo-cassetes?"
Quatro cabeças.
# | (0)Existia pelo menos um brasileiro dentro do World Trade Center, e também na Guerra do Iraque, como de fato na Segunda Guerra. Provavelmente no Vietnã, também, e durante o Tsunami recente, e mesmo no grande terremoto na Cidade do México; na Revolução Francesa e na Guerra da Secessão, durante os furacões de Nova Orleans, em Chernobyl ou Hiroshima. Há sempre um, não importa o momento. É fato, é uma lei da natureza.
E agora a imprensa vem sugerir a subida do primeiro patrício ao espaço. Por favor. Eu ainda vou apostar que naquele julho de 1969, no dia 20, havia sim um brasileiro já estabelecido no satélite natural, providenciando o churrasquinho da rapaziada, e grudando um adesivo "Eu amo a minha esposa" no Módulo.
"That's one small step for a man; one giant leap for mulambada."
# | (1)Um show evangélico em frente ao escritório, para eu aprender a não mais trabalhar em fim de semana.
# | (5)É um processo lento, o da real consciência em muitos daqueles discursos-designers, ainda inseguros, excessivamente agressivos e fora de foco. Defenestram-se ainda os não-diplomados, relevam-se programas e um discurso corporativista – como se não bastasse o portfolio de alguns dos autores, naturalmente.
Já não são poucas as vezes em que volto ao assunto por aqui. Prometo parar, um dia, se eles também. E já não é a primeira oportunidade em que me vejo assumindo a repetição. A interdição é um caminho sem volta.
# | (0)Giselle Itié, Debora Lamm, Vanessa Lóes e Virginia Cavendish: não fossem vocês e os meus hormônios, seria impossível assistir Avassaladoras até o fim do episódio. Se alguém disser que é mal produzido de propósito, eu acredito. E parabenizo.
# | (0)Ainda não descobri como lidar com alguém que me imputa uma amizade maior, pesada, a qual não posso corresponder. Restam o tempo e a distância para contornar esse complicador traiçoeiro.
# | (1)"Meus impostos, nos Estados Unidos, precisam ser colocados em um computador especial porque uma máquina comum não consegue lidar com os números."
Bill Gates, em uma conferência da Microsoft, para a IDG Now!
E se remover o Windows?
Ps.: Quando a Receita Federal vier, eu forneço o Pense Bem.
# | (1)– "A gente vê homens falando de blush..."
– "Blush?"
– "É, ensinando como passar blush para ficar com a aparência de que tomou sol."
– "Medo."
– "Pra você ver o que a gente passa. Por isso que, quando eu falo que não tem pra quem quer, você tem que acreditar! E pode ficar se achando, porque o mercado tá fraaaaco."
– "Qual nada... cheio de homem por aí."
– "Cheio nada! Cheio de pseudo-homens. Tudo florzinha, e se tem uma coisa que eu não suporto é homem-florzinha. Credo."
– "Suas amigas reclamam?"
– "Reclamam. A gente comenta sobre isso, ou dos muitos gays ou dos broncos. Impressionante."
– "E eu sou o quê?"
– "Você é um espécime em extinção."
– "Olha, Panda é a mãe."
Aconteceu a terceira edição do Lingerie Bowl, promovido pela Lingerie Football League (LFL). Imagine uma seleção brasileira.
Finalmente, um esporte que se possa acompanhar.
# | (0)É impressionante como a gente acaba conivente com o teatro da corrupção nacional. Há gente com especial talento para a coisa – incluindo aí as justificativas, e que nos faz pensar, mesmo em caso de amizade, o porquê de não agirmos. Viramos cúmplices, calados. Óbvio, não?
E é assim. Todo mundo tem um amigo ou conhecido que fez ou pratica algo ilícito. A gente tolera, e depois joga a culpa no governo. É mais fácil.
# | (0)Terceirizar costuma ser um fascinante passeio no mundo da incompetência humana. A gente sempre espera que a empresa aprenda.
# | (1)Existe um discurso velado, uma postura intelectual onde prevalece o tom blasé com relação à mídia de massa. O fulano faz de ombros, sublinha o desconhecimento como quem não dá importância, com especial intenção quando do relato de convivência em algum ambiente profícuo. Trabalhar com famosos, lembrar, comentar, e dizer que não se importa. 'tá bom.
Bem típico.
# | (0)Nas duas primeiras sessões, a mesma observação entre risos:
– "Muito hormônio masculino... cuidado com a próstata..."
E na última sexta-feira, novamente sorrindo:
– "Pouco cabelo, né?"
– "Qual é o seu carro? Em carro pequeno você não dá!"
– "Para viajar, você não pode ir de classe econômica."
Eu pago pra ser sacaneado pelo pequeno japonês.
# | (3)Deu no Ancelmo Gois:
Confira só. O Brasil tem 123.247.070 eleitores. Deles, 5.497.150 são Josés — ou 4,46% do total (sem contar nomes compostos, como Antônio José, Paulo José etc.).
Na Paraíba, o número de Zés excede. São 7,5% do total, o que faz lembrar aquela música “Como tem Zé na Paraíba”, de Catulo de Paula e Manezinho Araújo. Um versinho: “Vixe, como tem Zé/Zé de baixo, Zé de Riba/Me desconjuro com tanto Zé/Como tem Zé lá na Paraíba...”.
# | (0)E finalmente a TIM honra o plano da Visorama, substituindo nossos flintsfones por algo, digamos, contemporâneo.
# | (0)E novamente a barba entra no estágio em que se permite pentear.
É melhor pensar em removê-la.
# | (0)O cotidiano cega, mas por vezes uma bela tarde ensolarada explode com as belezas naturais da cidade em nossa vista. É de arrepiar.
# | (0)– "No meu sonho, você estava dirigindo um Opala preto e cantando uma música do Fábio Júnior."
– "Não tinha o selo do Canal Brasil no canto, não?"
Imagine se os impedimentos à adoção fossem estendidos para a gravidez. Ia ter parteira virando taxista.
# | (0)