Porque eu odeio a expressão “na vida real”.
Mecanismos e vozes excessivamente agudas ou graves tendem ao ridÃculo; apesar de, curiosamente, tenderem a exigir por respeito.
– Minha orientadora disse que eu não deveria pensar como o projeto da minha vida; mas eu acho que preciso buscar o melhor, mesmo sendo o primeiro…
– Acho que você tá certo. A gente tem de fazer tudo como se fosse o mais importante, senão fica parecendo dirigente esportivo no Brasil: chegando em oitavo, tá bom. ‘tá nada!
– Uma coisa que me aflige no esporte nacional, aliás, é que você passa uns doze anos vendo as mesmas pessoas competindo. Mas, voltando… o meu projeto tem de ser muito bom. Não quero fazer apenas para passar. Tomo cuidado, também, para que esse discurso não seja uma escusa pelos meus atrasos no cronograma. Estou em dÃvida, e a culpa é exclusivamente minha.
– É isso aÃ, cuida direitinho do projeto, com carinho. Precisa ser o melhor.
– Um ex-professor deu como exemplo a própria graduação, concluÃda burocraticamente em nome do diploma, e que acabou emergindo anos depois em uma pendência com a faculdade, quando a mesma fez publicar as médias. Eu não quero isso.
– No dia em que aprenderem a buscar sempre o melhor, esse paÃs anda pra frente.
– Hoje eu tenho um casamento para ir, e também na outra semana. E na outra!
– Eu nunca tenho. Não me dão a oportunidade para faltar.
Uma vez concluÃdas todas as iniciativas e especializações nos últimos quinze anos, eu seria hoje formado em japonês, além de programador, DJ, nadador, professor de editoração, violonista, saxofonista, consultor, e mais uma ou outra coisa que felizmente me escapa.
E você?
– Volta e meia uma banda acaba por causa de mulher.
– Até nisso imitam os Beatles.
Foi durante o almoço dominical, quando minha mãe reclamou veementemente das pessoas que “grudam”, que eu desejei o JuÃzo Final.
Sair da vida para entrar na avenida, ou para batizá-la.
Ninguém escapa ao grande processo de emputecimento da humanidade.
Uns ficando putos, outros virando putas.
Tanto posterguei, que a 2AB tomou por bem o lançamento de meu primeiro livro, Diário de Bordo, através do site.
Escapei da social, pelo menos.
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