Evento de porte médio e qualidade Ãmpar, o Chivas Jazz entra em sua terceira edição carioca (em São Paulo há uma a mais, se bem lembro), trazendo um belo apanhado da produção contemporânea, para desgosto de puristas e demais entendidos – com duplo sentido – e apreço daqueles interessados em curtir a boa música.
Infelizmente não compareci aos primeiros anos, ainda no Garden Hall, mas acredito que a Marina da Glória seja feita sob medida para a proposta, com a ressalva: dada a proximidade com o aeroporto, vale começar uma hora mais tarde, evitando a interferência das decolagens.
Imagine, os banheiros são limpos, sem fila – mesmo os femininos – e de alvenaria. Não há qualquer revista constrangedora na entrada, que fica a poucos metros do estacionamento privativo. São pequenos e preciosos detalhes que fazem uma experiência agradável. A lona permite a apresentação sem impedir, contudo, a belÃssima vista do centro. O frio é cool, e a garoa descortina os neons próximos. Chuvas Jazz.
Jean-Michel Pilc abriu os trabalhos na primeira noite, esbanjando técnica e lembrando Michel Camillo em sua habilidade ao piano. A releitura dos standards foi precisa e convidativa, tendo nas baquetas do virtuoso Ari Hoenig uma companhia fiel e vigorosa. Chico Freeman encerrou a noite com muita firula e um som Nuiorican, com Hilton Ruiz ao piano.
Abdullah Ibrahim puxou a segunda noite, mas sua interpretação arrastada não convenceu, tendo como agravante um problema de som que deixou o volume geral pouco audÃvel. Era como um carro movido a gás, numa ladeira. Sem energia. O troco veio com o piano-baixista Avishai Cohen e sua banda multinacional, afinadÃssima, com destaque para o trompete invocado de Diego Urcola. A noite teve sua chave de ouro.
Infelizmente não havia ingressos para as duas últimas noites. Fica para o ano que vem.