– Ficar sozinho é ótimo, mas passar o tempo todo é um problema. Adoro ir ao cinema só, mas sinto falta do comentário ao final. Adoro almoçar sozinha, mas, quando a comida é muito boa, quero compartilhar.
– E vivo sozinho quase todo o tempo, passando horas sem me ouvir, inclusive.
– Você não sente falta dessas coisas?
– Às vezes. É que eu estou tão acostumado a não depender de outros para definir uma programação, que acabo estranhando muitas vezes a companhia, essa quebra da liberdade.
– Agora eu me dei conta de que passo algumas horas sem escutar a minha voz, somente o som do teclado.
– Mas é claro que uma boa companhia é fundamental. É questão de conciliar. Lamento mais a ausência de quem tenha afinidade, uma programação parecida e que fuja, quando possÃvel, do clichê etÃlico.
– Essa parte da companhia é chata, realmente. Aquele povo que fica enrolando para sair, que diz “mais tarde eu te ligo para combinar”.
– Pois é, eu convivo com extremos da impontualidade, e evito qualquer programa com essas pessoas.
– Mas há quem não minta, quem saiba que é assim.
– Isso não resolve, porque é nÃtida a falta de esforço para resolver algo. Acho um desrespeito você pressupor – ainda que inconscientemente – que os outros estão à disposição.
– Eu entendo, mas tem gente que não faz por mal, é desligada.
– Como eu disse, isso independe, já que a premissa é justamente a morte anunciada, que no meu entender só pode sinalizar com o desrespeito. Agora, se tiver de sair com alguém assim, não altero a minha programação por conta. Atrasando, eu deixo sozinho no local combinado. Veja bem, eu atraso, muita gente atrasa, mas há extremos, e todo mundo sabe quem são. É currÃculo.
23/06
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