Uma:
– Eu lembro de cada coisa, fui uma criança muito impressionável. Tinha um gay baiano que trabalhava lá em casa, muito doido, e eu ficava vendo ele dublar a Rita Cadillac, a Sharon… Era a platéia dele. Como a minha mãe deixava?! Hahahaha
– Medo. Era o seu Barney.
– Hahahahaha pô, ele juntava dinheiro, fazia uns crediários – tinha umas 3 ou 4 tevês, e deixava todas ao mesmo tempo no SBT, no quarto dele, porque odiava a Globo e dizia que era pra ajudar na audiência. Também fazia a minha mãe escrever várias cartas pra lá, dando “dicas” pro SÃlvio – até a sinopse de uma novela, chamada – JURO – “A sola do meu sapato” HAHAHAHAHAHAHAHAHA
– Ouou!
– Juro, Zé! Hoje, eu vejo que não é qualquer um que pode botar filho no mundo. Eu não entendia porque ele era tão esquisito, mas era uma pessoa boa, doce e cozinhava muito bem.
– Não sei bem o que dizer diante disso tudo.
– O nome dele era Leopoldo, mas gostava de ser chamado de Leo hahahahaha. Se falasse o nome, ele ficava mal – é pra você ver como foi a minha vida hahahaha
Outra:
– A minha famÃlia, no Orkut, é a coisa mais linda. Minha tia deixa scraps pro meu tio, falando da filha mais velha e dizendo que nenhum homem a quer. A minha avó viajou com uma sobrinha, que colocou fotos dela (minha avó) no Orkut, ao lado de uma baleia, dizendo que tinha ido visitar a parenta. É uma famÃlia muito elegante, a minha. São todos muito finos.
– ‘tá difÃcil comparar, aqui no MSN, a sua famÃlia com a de outra amiga.
– A famÃlia dela é tão feia quanto a minha? A minha mãe tinha um macaco de estimação.
– Como assim?
– Meu avô que tinha, na verdade. Porque o macaco odiava mulheres e aterrorizava toda a famÃlia. Ele viajava pra caçar e trazia animais pra casa. Eles já tiveram preguiça, jibóia… Uma vez ele me deu um tamanduá. Minha mãe disse que não tinha como criar aquilo num apartamento, e ele disse “Põe na jardineira do terraço. Isso aà cria como galinha” mas minha mãe disse que não queria mais bichos bizarros na vida dela, e meu avô comeu o tamanduá.
– Realmente…
– Era um macaco com muito ódio no coração. Porque ele ficava acorrentado, eu acho. Um dia ele se soltou, entrou na casa, quebrou tudo que encontrou pela frente e fugiu.
– Vem daà a expressão?
– Hahahahaha estar com a macaca? Durante alguns meses a minha avó ouvia umas histórias de que um macaco (não era um mico, era um macaco grande) tinha entrado em alguma casa e quebrado tudo, e tinha que fingir que não era com ela.
– De repente ele queria estar com a macaca. Com alguma.
– Bom, de repente é. Mas ele odiava mulheres humanas. Não sei se de macacas ele gostava.
– É muito instrutivo conversar com vocês.
– Hahaha, que aÃ, quando quiser ter filhos, você fará tudo ao contrário das nossas famÃlias, né? Olha, minha mãe vai fazer 50 anos. Por algum motivo, ela quer uma festa temática. Por algum motivo, ela e os amigos são as únicas pessoas do mundo que não se cansaram de festas anos 80. Eu tenho medo do que eu vou ter que ver em Agosto.
– Se bem que, a minha famÃlia… Um tio meu sumiu 42 anos.
– E ele voltou?
– Sim, ele fugiu da convocação para a 2ª Guerra, acho, e ficou na Região Norte.
– Meu Deus, e se escondeu por 42 anos???
– É, foi ficando… Um dia, 42 anos depois, apareceu lá no Ceará, na cidade natal, e quase matou – de verdade – o outro irmão de susto.
– Meus parentes nunca somem. Nem quando a gente quer.
Hum, isso tá me cheirando a conversa com moça que a Inglaterra teve a audácia de recusar visto – não podem existir duas doidas de pedra nesse nÃvel no mundo. Não com essa famÃlia.
Suzana - 10.04.08 - 10:49 am
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depois eu fiquei pensando se alguém lá da imigração não ficou sabendo da minha famÃlia.
hmmm…
Renata - 17.04.08 - 11:35 am
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